Não dá para falar em inovação e criatividade sem política em 2024
Em 2024, porém, será imprescindível discutir o tópico mais crítico do ano: as eleições globais e a influência política nos assuntos que tanto valorizamos.
Este ano, com 70 eleições ao redor do mundo – incluindo municipais por aqui e uma disputa significativa nos Estados Unidos, que muitas vezes antecipa tendências para nossa própria campanha presidencial no Brasil – é um período crucial.
Importante ressaltar que este artigo não vai discutir preferências partidárias. Em vez disso, te chamo para falar da escolha de representantes capazes de transformar nossos debates em políticas públicas efetivas.
Vale reiterar o clichê: “a política é importante demais para ser deixada nas mãos dos políticos”. Como, então, ampliar nossa participação e influência na escolha de líderes que definirão o rumo das discussões cruciais da nossa era?
Vejamos alguns exemplos práticos:
1. Inteligência artificial: o avanço tecnológico mais notável dos últimos tempos necessita de um trabalho aprofundado sobre regulamentação, acesso democratizado, educação, responsabilidade e direitos autorais. A IA não é apenas uma questão de inovação, mas também de ética e equidade.
2. Emergência climática: o engajamento individual, embora importante, não é suficiente para induzir a mudança necessária no nosso estilo de vida. É essencial uma ação regulatória, política e de investimento público para facilitar essa transição, reconhecendo a urgência de reformular nossa relação com o planeta.
3. Big techs: empresas como Google, Meta, Amazon, TikTok e Apple têm um impacto profundo na sociedade. Precisamos desenvolver uma capacidade crítica de avaliar e regular essa influência para mitigar efeitos colaterais, como questões de privacidade e monopólio.
4. Transformação econômica: histórias de sucesso econômico em países como Coreia do Sul, Israel e Finlândia mostram que o desenvolvimento a longo prazo, focado em pessoas e inovação, supera os ciclos governamentais e gera resultados duradouros. É preciso comprometimento com uma agenda de longo prazo, com uma estratégia clara no desenvolvimento de pessoas capazes de transformar nossas atividades econômicas.
5. Extremismo e polarização: enfrentar a divisão político-ideológica exige educação política aprofundada. É necessário romper as bolhas e câmaras de eco, promovendo diálogos construtivos e buscando alternativas inclusivas.
Agora, se pergunte: podemos confiar nos atuais representantes para abordar e propor soluções para essas questões?
Não falo do político A ou da pessoa B. Estou falando de todo o corpo no Legislativo e Executivo, nas esferas municipais, estaduais e federais de forma geral. Se a resposta é não, temos um grande problema pela frente e fingir não vê-lo só piora a situação.
EM 2024, SERÁ IMPRESCINDÍVEL DISCUTIR A INFLUÊNCIA POLÍTICA NOS ASSUNTOS QUE TANTO VALORIZAMOS.
Ibram X. Kendi, em seu livro “Como Ser Antirracista”, exemplifica uma abordagem proativa. Frustrado com a eficácia limitada de protestos, passeatas e mobilizações digitais, Kendi criou um laboratório para desenvolver políticas públicas antirracistas, fornecendo projetos técnicos e estruturados para representantes em Washington. Essa iniciativa destaca a importância de uma ação política embasada e técnica.
Independentemente de suas convicções pessoais, se você é entusiasta de inovação, criatividade e transformação, é impossível ignorar a intersecção entre estes temas e a política. Sua participação é mais do que relevante; é essencial para moldar o futuro que desejamos.