Tecnologia

10 previsões para o setor de tecnologia em 2024

“Para avançar em um cenário dinâmico de negócios, as empresas apostarão na produtividade e no uso de dados”, essa foi a fala de abertura de Luciano Saboia, diretor de telecomunicações da IDC Latin America, ao tratar sobre as previsões para a América Latina no setor de tecnologia em coletiva de imprensa.

Segundo estudo da IDC, existem indícios de que em 2024 haja uma disposição crescente das empresas de tecnologia na América Latina para investir em iniciativas estratégicas, especialmente aquelas que visam aumentar a produtividade e aproveitar o potencial dos dados.

Diante disso, as principais iniciativas de negócios que guiarão os gastos de TI incluem a busca por otimizar processos e reduzir custos por meio de soluções de automação.

Dessa forma, entre as previsões para 2024 do IDC estão:

1 – A ascensão dos dados na nuvem e a Rethink estratégica
A ascensão do armazenamento e processamento de dados na nuvem está remodelando as estratégias corporativas em relação aos dados, impulsionando uma revisão fundamental em direção a soluções mais eficientes de gerenciamento e análise. Destaca-se a necessidade de integração e interoperabilidade em ambientes multicloud para otimizar esses processos.

Prevê-se que até 2027, o volume global de dados ultrapasse os 157 ZB (zetabytes), com cerca de um quarto desse volume já migrado para a nuvem. Esse crescimento na nuvem supera em dobro a taxa de expansão dos dados fora dela. No entanto, para transformar esses dados em insights acionáveis e gerar valor para as organizações, é imperativo que muitas empresas acelerem e aprimorem suas estratégias de dados.

De acordo com pesquisas, aproximadamente 55% das empresas consideram temas como criação de produtos e serviços, personalização e geração de novas fontes de receita como fundamentais para suas estratégias, e todas elas dependem fortemente do uso eficaz dos dados. Nesse sentido, 41% das empresas entrevistadas pela IDC identificaram tecnologias como IA, GenAI e Analytics como essenciais para alcançar seus objetivos de negócios.

Diante do aumento do volume de dados, espera-se que os investimentos em soluções de gerenciamento de dados, análise e IA/ML na nuvem sejam ampliados. A integração e interoperabilidade em ambientes híbridos e multicloud serão cruciais para garantir a disponibilidade e a utilização eficaz dos dados.

Por outro lado, as áreas de negócio estão buscando respostas mais rápidas e insights mais profundos. Para alcançar esses objetivos, é necessário um trabalho conjunto entre as áreas de negócio e de TI para promover o amadurecimento da cultura de dados.

2 – Inteligência Artificial: uma aliada na segurança cibernética
A evolução da AI nas soluções de segurança demandará que as empresas estejam up-to-date para não se tornarem alvos.

O avanço exponencial das ameaças cibernéticas tem motivado a ampliação do uso de AI nas soluções de segurança para aumentar sua capacidade de detecção e resposta, otimizando o trabalho dos especialistas humanos.

No entanto, as realidades de empresas SMB e de grande porte são bem distintas: enquanto quase 95% das grandes organizações têm soluções com recursos de AI para ajudar na segurança da TI, apenas 56% das pequenas e médias empresas já contam com essas soluções.

O aumento de ataques direcionados às empresas mais vulneráveis fará acelerar a busca por soluções habilitadas pela IA, especialmente aquelas providas a partir da nuvem.

As equipes de TI recorrerão mais fortemente a seus parceiros de serviços e aos fabricantes para obter apoio sobre como integrar e otimizar o uso de diferentes produtos.

A busca pela consolidação de soluções e recursos, que foi um dos motes para os CISOs em 2023, segue firme.

O mercado de soluções de segurança manterá sua trajetória de crescimento robusto, atingindo cerca de US$ 1,7 bilhão no Brasil em 2024, o que representa crescimento de mais de 16% sobre o ano anterior.

Veremos tecnologias de segurança emergentes, mais “modernas” e “inteligentes”, ganhando espaço no mercado global e aterrissando no Brasil, tais como Interconnected SaaS Security, Identity Fabrics, entre outras.

3 – Demandas crescentes por soluções de gestão integrada e automatizada
Empresas exigirão soluções de gestão capazes de orquestrar automação e dados para garantir a competitividade. Espera-se uma entrega cada vez mais eficaz de valor por meio da IA.

À medida que as empresas buscam aumentar sua produtividade e ampliar sua competitividade, há um foco crescente nos dados gerados em suas operações diárias. Esses dados, provenientes de processos de negócios e interações com clientes e parceiros, geralmente passam por soluções de gestão, como os sistemas ERP, desempenhando um papel crucial em diferentes aspectos e alcances.

Globalmente, as empresas serão responsáveis por dois terços do universo de dados até 2024, com as soluções de produtividade, incluindo os ERPs, representando 21% desse total. Essa centralidade das soluções de gestão leva as organizações a buscar capacidades que permitam decisões mais rápidas e até automatizadas, visando atender às demandas e à dinâmica do mercado.

Embora a IA já desempenhe um papel consolidado nesse contexto, é crucial que essa capacidade seja expandida para integrar e orquestrar dados de outras fontes, além dos dados internos do ERP, para maximizar seu potencial.

No mercado brasileiro, o segmento de soluções de gestão, incluindo pacotes como ERP, CRM, planejamento de produção e cadeia de suprimentos, está projetado para alcançar US$ 5,6 bilhões em 2024, representando um crescimento de 11,6% em relação a 2023.

Dessa quantia, a IDC estima que US$ 588 milhões serão associados às capacidades de inteligência incorporadas nessas soluções. Além disso, as plataformas analíticas e de IA devem somar cerca de US$ 1,6 bilhão neste ano, destacando sua importância em um cenário cada vez mais orientado por dados.

4 – Geração de valor pela GenAI
A geração de valor pela GenAI está entrando em uma nova fase após o período de grande expectativa, onde agora é esperado que essa tecnologia entregue valor efetivo para as empresas. Isso se dará principalmente pela integração de diversas fontes de dados, juntamente com uma governança sólida e processos de negócios bem definidos.

Mais de 90% das grandes empresas já possuem casos de uso que se beneficiam da IA. Até mesmo as pequenas e médias empresas estão aproveitando os benefícios da IA, que está sendo rapidamente incorporada às suas aplicações de negócio.

No entanto, o desafio atual em relação à GenAI reside em costurar juntas as diferentes fontes de dados, governança, processos e objetivos de negócios para gerar valor efetivo, seja para os clientes internos ou externos.

Muitas empresas ainda estão em processo de estabelecer uma cultura de dados, com governança e curadoria que garantam a confiabilidade e qualidade dos dados usados nos modelos de GenAI. A segurança e proteção dos dados utilizados para alimentar esses modelos também são questões críticas, sendo apontadas como o principal desafio para a aplicação bem-sucedida de IA nos negócios, segundo 37% das empresas entrevistadas pela IDC.

Embora ainda esteja em estágios iniciais no Brasil, espera-se que os gastos com GenAI mais que dobrem em 2024 no país, contribuindo para um total de US$ 120 milhões relacionados à tecnologia na América Latina.

A necessidade de acelerar projetos nessa área criará oportunidades significativas para provedores de serviços de TI e consultorias, com previsão de gastos relacionados a serviços de IA e GenAI ultrapassando os US$ 459 milhões em 2024.

5 – Foco nos serviços gerenciados para redes
Observabilidade será a principal oferta em serviços gerenciados para redes, garantindo a expansão dos requisitos de conectividade e fortalecendo a segurança cibernética.

A ênfase nos serviços gerenciados para redes está se concentrando cada vez mais na observação, que se torna a principal oferta nesse campo, assegurando a expansão dos requisitos de conectividade e fortalecendo a segurança cibernética.

Conforme as organizações ampliam seus serviços digitais para estabelecer conexões com os clientes, gerar receitas e administrar suas atividades internas, a administração dessas arquiteturas se torna cada vez mais intricada. Identificar desvios de desempenho se torna um desafio ainda mais substancial, dificultando o rastreamento de sua origem e causas fundamentais.

A observação surge como uma estratégia integral para administrar o desempenho dos serviços digitais a partir da rede. Isso envolve a compreensão por meio da coleta e análise de dados, aplicação de modelos analíticos, implementação de automação e integração com ferramentas de segurança.

Segundo o estudo, é importante que essa abordagem seja amplamente adotada no mercado brasileiro. A pesquisa revela que, para 60% das empresas, a observação está relacionada ao gerenciamento e monitoramento, enquanto apenas 25% indicaram a coleta e correlação de dados para otimização de desempenho como uma característica do conceito.

Globalmente, espera-se que as soluções On-Premises para gerenciamento de redes percam participação a partir de 2024, enquanto o formato baseado em nuvem acelera em 24,3% ao ano até 2027. Apenas os produtos de software para desempenho de aplicativos e redes devem alcançar US$ 210 milhões em 2024.

6 – Expansão das redes móveis privativas
As redes móveis privativas se tornarão uma realidade para mais empresas, impulsionando novos modelos de negócios e exigindo uma maior educação sobre o tema para os líderes de TI.

Esse avanço impulsiona a oferta dos provedores de conectividade, os quais:

Estão introduzindo um novo serviço, mais alinhado com as necessidades das organizações, o que resulta na geração de novas receitas.
Buscam rentabilizar os investimentos feitos na implantação da tecnologia 5G.
Buscam estabelecer contratos de longo prazo com seus clientes.
Ao mesmo tempo, para as empresas, a adoção de redes móveis privativas é atraente porque:

Atende às necessidades de design e parâmetros específicos.
Pode ser customizada, especialmente em situações que exigem comunicação de missão crítica ou implantações de IoT, proporcionando maior controle e segurança.
Representa a adoção de um novo modelo de negócios, com características de NaaS (Network as a Service).
Prevê-se que novas implementações de redes móveis privativas em 2024 ultrapassem os US$ 220 milhões, abrangendo infraestrutura wireless, serviços profissionais e serviços gerenciados.

Um ponto de crítica comum entre os clientes finais é a falta de um ecossistema que ofereça soluções completas. Tornar essa oferta concreta será fundamental para a disseminação em larga escala dessas redes.

7 – Crescimento da IoT e edge computing
O crescimento da IoT e da computação em edge continuará a ser uma tendência importante, com um aumento significativo no tráfego nos pontos finais. A segurança será uma prioridade crucial para as empresas brasileiras.

Em 2024, prevê-se que 60% dos mais de 157ZB de dados estarão concentrados nos pontos finais e na computação em edge. Para o tráfego originado pela IoT, essa proporção é ainda maior, correspondendo a 76% nessas camadas.

Arquiteturas centradas em nuvem exigirão recursos de infraestrutura altamente automatizados para facilitar a transformação e a agilidade dos negócios digitais. Essa automação abrangerá computação (dedicada, em nuvem ou em edge), armazenamento e redes.

A combinação de tecnologias como W-LAN, SD-WAN, SASE e 5G atenderá aos casos de uso da IoT, demandando infraestrutura e conectividade mais disponíveis, seguras e eficientes. A segurança é considerada o critério mais importante na escolha de um provedor de serviços para projetos de IoT por 54% das empresas brasileiras.

A pesquisa indica que, até 2024, 50% das empresas estarão em estágios de planejamento ou prova de conceito para projetos de IoT.

34% das pequenas e médias empresas brasileiras pretendem adotar soluções de IoT nos próximos dois anos em suas atividades de negócio. Esse número sobe para 50% na vertical de Governo.
Espera-se um crescimento expressivo em 2024, com o mercado brasileiro alcançando a marca de US$ 1,7 bilhão em hardware, software, serviços e conectividade relacionados à IoT.

8 – Novos desafios e modelos de negócios para a Edge Computing
Os novos desafios e modelos de negócios para a Edge Computing estão surgindo à medida que a demanda por maior eficiência no processamento de dados próximo à sua origem impulsiona a adoção dessas soluções, promovendo ciclos mais ágeis de informação e automação de processos.

O foco na produtividade, mencionado por 46,9% das empresas no Brasil, está impulsionando a automação de processos – seja tradicional ou com o uso de IA – o que demanda ciclos mais ágeis de informação.

O processamento dos dados próximo de onde são gerados, com um posterior envio para ambientes corporativos híbridos para pós-processamento, está gerando uma demanda por maior eficiência na utilização dos dados.

A complementação de Foundation Models de LLM com informações internas exigirá treinamento em aprendizado de máquina (ML), o que pode ser mais produtivo se realizado localmente, em soluções Edge.

Por outro lado, as ofertas de soluções Edge estão avançando em termos de abrangência e viabilidade econômica.

As soluções Edge atuais estão mais completas em termos de hardware, software e serviços, oferecendo níveis convenientes de automação, simplificação de gestão e atualização tecnológica, além de modelos dinâmicos de pagamento.

Novas ofertas estão sendo constantemente introduzidas por fabricantes de equipamentos, provedores de serviços de TI e de conectividade, além dos próprios hyperscalers de nuvem.

Prevê-se que os ambientes de Edge, compostos por hardware, software e serviços, absorvam mais de US$ 4 bilhões até 2025 no Brasil.

9 – Desafios persistentes no mercado de dispositivos
Apesar dos avanços tecnológicos, o mercado de dispositivos enfrentará desafios persistentes em 2024, destacando a necessidade de inovação contínua para se manter relevante.

Com a mudança nos hábitos de compra dos consumidores, prevemos uma estagnação no total de vendas B2C, além de um volume significativo de produtos ilegais sendo comercializados no país.

Há expectativas em relação às compras federais e estaduais, especialmente em ano de eleições municipais, incluindo investimentos na área da educação. Enquanto isso, o mercado corporativo está realizando compras e atualizações programadas em seu parque de dispositivos.

De acordo com estimativas da IDC, o mercado brasileiro de dispositivos deve gerar um total de US$ 17,2 bilhões em 2024, refletindo uma queda de 0,3% em relação ao valor ajustado de 2023.

Algumas estimativas para segmentos específicos de dispositivos em 2024 incluem:

Smartphones: US$ 9,8 bilhões
Computadores: US$ 4,9 bilhões
Wearables: US$ 698 milhões
Impressoras: US$ 569 milhões
Tablets: US$ 577 milhões
10 – AI fortalecendo dispositivos corporativos
A integração da IA em dispositivos corporativos impulsionará a atualização da base instalada, proporcionando novas oportunidades para a transformação digital.

A integração da inteligência artificial (IA) em dispositivos corporativos está impulsionando a atualização da base instalada, abrindo novas oportunidades para a transformação digital dentro das empresas.

Segundo estimativas da IDC, os dispositivos com IA embutida serão impulsionadores de vendas a partir de 2026; até então, predominarão as provas de conceito (POCs).

Até o final de 2026, prevê-se que 80% dos novos PCs para uso comercial incluirão chips dedicados para IA, que melhorarão a produtividade, reduzirão a latência e manterão a segurança dos dados.
Até 2027, estima-se que um em cada três novas implementações de dispositivos móveis robustos estará voltado para novos aplicativos e recursos baseados em IA, projetados para aumentar a produtividade dos trabalhadores da linha de frente.
Para 2024, espera-se o lançamento de diversas linhas de dispositivos com algum tipo de IA. Os fabricantes indicam que esses lançamentos inicialmente estarão presentes em produtos premium e que, até o final deste ano, teremos produtos de entrada com alguns desses atributos.

Notebooks premium (acima de US$ 1.500) representarão 6,9% do mercado brasileiro.
Smartphones premium (acima de US$ 800) representarão 5,9% do mercado de smartphones no Brasil.

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