Sexta fase da Operação Mensageiro prende dirigentes da Empresa Saays Soluções Ambientais em Gaspar

A Operação Mensageiro avançou mais uma vez em Santa Catarina, resultando na prisão de três empresários de Gaspar, todos pertencentes à mesma família e ocupando cargos de liderança na Empresa Saays Soluções Ambientais. A sexta fase da investigação, deflagrada nesta terça-feira, 19 de agosto, cumpre mais um capítulo de uma apuração que se estende desde 2022 e que já se tornou uma das maiores ações de combate à corrupção no setor de resíduos sólidos do estado.

Os alvos desta etapa são Schirle Scottini, proprietária da empresa; sua irmã Adriana Scottini, diretora administrativa; e Arnaldo Júnior, filho de Schirle e diretor de operações. O trio foi detido preventivamente e encaminhado ao Presídio de Blumenau, onde aguardará audiência de custódia.

Segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC), as prisões foram decretadas porque há indícios de que os investigados continuavam a praticar atos ilícitos relacionados a contratos de coleta e destinação de resíduos sólidos urbanos em diferentes municípios catarinenses, mesmo após as fases anteriores da operação.

Mandados e cidades-alvo

A ofensiva desta terça-feira não se limitou a Gaspar. Foram cumpridos 36 mandados de busca e apreensão em residências e empresas localizadas em dez cidades: Rio do Sul, Blumenau, Imbituba, Florianópolis, Gaspar, Bombinhas, Laguna, Braço do Norte, Palhoça e Imaruí.

Durante as ações, as equipes apreenderam celulares, computadores, documentos e quantias em dinheiro. Esses materiais serão analisados para reforçar as provas já reunidas, além de buscar novos elementos que possam indicar a participação de outros envolvidos.

Entenda como a nova etapa da Operação Mensageiro resultou na prisão de dirigentes da Empresa Saays Soluções Ambientais em Gaspar.

Entre os alvos das buscas estão ainda o ex-prefeito de Braço do Norte, Roberto Marcelino (PSD), conhecido como Betinho, e o ex-prefeito de Rio do Sul, José Thomé (PSD). Ambos são investigados por suposta ligação com o esquema que ficou conhecido como “escândalo do lixo”.

O que apura a Operação Mensageiro

Deflagrada inicialmente em 2022, a Operação Mensageiro investiga crimes como corrupção ativa e passiva, fraude à licitação, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O foco principal está em contratos milionários firmados entre empresas privadas e administrações municipais para a coleta, transporte e destinação final de resíduos sólidos.

O MP-SC afirma que as investigações revelaram um padrão de atuação envolvendo suposto direcionamento de licitações, superfaturamento de serviços e pagamento de propinas a agentes públicos. A Empresa Saays Soluções Ambientais, segundo as apurações, teria prestado serviços para pelo menos três prefeituras catarinenses, cujos nomes não foram oficialmente divulgados até o momento.

Defesa contesta prisões

O advogado Wilson Knöner Campos, que representa os três empresários de Gaspar, afirmou que seus clientes colaboraram integralmente com as autoridades durante as diligências e que “não têm nada a esconder”. Para ele, as prisões preventivas são desnecessárias e serão questionadas judicialmente assim que a defesa tiver acesso completo aos autos da investigação.

Em entrevista, Campos destacou que as explicações dos empresários “refutam as premissas usadas para fundamentar a decisão” e que a atuação da Empresa Saays Soluções Ambientais estaria dentro da legalidade.

Continuidade das apurações

O Ministério Público e o Gaeco trabalham para aprofundar a análise do material apreendido e cruzar informações obtidas em fases anteriores. A expectativa é que, a partir desses dados, seja possível compreender com mais clareza a extensão do esquema, identificar outros envolvidos e comprovar a participação de cada investigado.

A investigação segue sob sigilo parcial, mas já está claro que seu alcance envolve diferentes regiões do estado e atinge tanto o setor privado quanto o público. Os promotores não descartam novas prisões e desdobramentos nas próximas semanas.

Relevância do caso

O impacto da Operação Mensageiro vai além do aspecto jurídico. Ao expor possíveis irregularidades em um serviço essencial como a gestão de resíduos sólidos, a investigação levanta um debate importante sobre transparência, eficiência e integridade na administração pública. O caso reforça a necessidade de mecanismos mais rígidos de fiscalização e de contratação, especialmente em contratos de alto valor e impacto direto na população.

A prisão dos três dirigentes da Empresa Saays Soluções Ambientais demonstra que a Operação Mensageiro mantém seu foco na apuração de crimes contra a Administração Pública e que continuará mirando empresários e agentes políticos suspeitos de envolvimento no esquema.

Enquanto a defesa busca a revogação das prisões, o Ministério Público prossegue com uma das investigações mais complexas já realizadas em Santa Catarina, cujo desfecho poderá redefinir a forma como contratos públicos são celebrados e executados no estado.

Autor: Juscott Reyrex